A Mais-valia
A Mais-valia, também chamada de mais-valor, é imprescindível para a compreensão da dinâmica do capitalismo. É através dela que conseguimos entender o mecanismo da exploração humana.
Retomando alguns conceitos: o que determina Valor de uma mercadoria é o trabalho socialmente necessário cristalizado nessa mercadoria. Quem executa esse trabalho? O proletariado. Burguês não trabalha. E ao trabalhar e criar esse Valor, em troca, o trabalhador recebe salário. Mas esse salário é equivalente à força de trabalho dele e não o Valor que criou ao trabalhar. Ou seja, o que ele cria não tem conexão com o que ele recebe, o trabalhador apenas recebe aquilo que é mínimo para sua subsistência.
Exemplificando isso: vamos supor que você trabalha em um fábrica por 8 horas diárias. Em apenas 4 horas por dia, você produz todo o Valor necessário para o seu salário e, as outras 4 horas restantes, você trabalhou de graça. Exatamente. DE GRAÇA. É esse trabalho de graça que chamamos de trabalho suplementar. Esse Valor gerado no trabalho suplementar é apropriado pelo burguês na forma de mais-valia.
É o mecanismo da mais-valia que o burguês consegue lucrar em cima da força de trabalho. Você apenas recebe o mínimo para sobreviver (seu salário) e todo o Valor que você produziu, fica na mão do burguês. Existem três tipos de mais-valia: a absoluta; a relativa; a extraordinária.
A mais-valia absoluta se expande conforme as horas de trabalho também aumentam. Ou seja, se sua jornada de trabalho passa de 8 horas por dia, para 10 horas por dia, o patrão aumentou a quantidade de mais-valia que ele explora de você, ou seja, aumentou o lucro dele.
A mais-valia relativa se refere à otimização da produção da fábrica no mesmo intervalo de tempo. Ao invés de você produzir x cadeiras, você produz 2x cadeiras nesse mesmo tempo, mas você recebe o mesmo salário. Assim, aumenta-se a extração de Valor de maneira relativa. Resumindo: você recebe a mesma coisa, mas produz muito mais.
A mais-valia extraordinária tem relação com a produção das mesmas mercadorias em outras indústrias. Por exemplo: existem várias indústrias que produzem carros e uma delas descobre um jeito de produzir muito mais rápido esses carros. Quando esse carro for vendido no mercado, por ter um preço quase igual aos outros, ele vai ser mais lucrativo. Ou seja, a mais-valia extraordinária é relativa à indústria como um todo e quando uma indústria descobre como baratear seus custos vendendo no mesmo valor de mercado.
O objetivo final de todo burguês é o aumento da extração da mais-valia e isso não é um juízo moral. Marx em momento algum faz juízo de valor, acusando de ser algo ruim ou perverso. Afirmar que o objetivo da burguesia é aumentar a extração da mais-valia é algo aferível na realidade.
Ao extrair o lucro através da mais-valia, o burguês incorpora esse lucro de volta no seu Capital. Ou seja, ao extrair a mais-valia, ele reinveste no seu Capital a fim de expandi-lo e aumentar ainda mais a extração da mais-valia. Isso se acomete em um ciclo infinito e incessante. O Capitalismo apresenta crises cíclicas desde seu surgimento. Desde a década de 70 do século XIX, Engels disserta sobre SETE crises do Capitalismo.
Vamos agora contextualizar tudo o que falamos até agora: Crítica da Economia Política de Marx se concentra na análise do Capitalismo. Capitalismo é um modo de produção baseado no emprego da grande indústria, da divisão do trabalho, da sociedade de classes, da propriedade privada dos meios de produção, da mercadoria como o centro das relações sociais e na expansão constante de Capital através da mais-valia.
E por que tudo isso é importante? Por que estamos falando de Capitalismo? Pois compreender o modo de produção capitalista é necessário para caminharmos em direção a outro modo de produção e transformar nossas forças produtivas e relações de produção. Lembra que o marxismo surge como uma crítica ao utopismo? Marx ele compreende a realidade material capitalista e isso é necessário para emancipar a classe trabalhadora.
Ao finalizar a abordagem sobre o segundo pilar do marxismo (Economia Política), me resta falar do último: o socialismo científico. Mas isso é papo pra outro post. Espero que tenham entendido. Até mais, camaradas.
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